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sábado, 16 de junho de 2012

Prova de resistência

Texto de André Andrès publicado na Revista.AG do dia 17 de junho de 2012





Com dezenas de expositores e centenas
de rótulos servidos aos visitantes, a quarta edição  da  Vitória Expovinhos é um convite ao prazer do mundo de tintos e brancos



Numa reunião de jornalistas, ministros e algumas figuras importantes de Brasília, promovida por uma empresa gaúcha no ano passado, foram servidos apenas vinhos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O encontro aconteceu apenas alguns dias depois da Vitória Expovinhos, importante feira que realiza sua quarta edição neste ano. Havia uma certa disputa entre os garçons e  representantes de cada rótulo. Um deles, da vinícola Pericó, aproximou-se da mesa e anunciou, orgulhoso: “Este tinto é Top Five da Vitória Expovinhos”. E serviu o Basalto 2008, produzido nas serras catarinenses, um dos cinco melhores Tintos do Novo Mundo servidos ao público durante os dois dias de prova em Vitória. Um garçom gaúcho ouviu e logo veio com uma garrafa de branco: “Este também é Top Five. Ganhou em 2010 e 2011!”. E serviu o Virtude Chardonnay, da Miolo.



A pequena disputa mostra a importância alcançada pela feira de Vitória. A seleção dos vinhos pelos jurados, a representatividade dos produtores, a qualidade e a quantidade de garrafas abertas são fundamentais para o sucesso do evento. Mas esse sucesso só se concretiza com a participação do público. E ela, além de ser enorme, é, ao mesmo tempo, compenetrada e divertida. Porque é uma oportunidade de provar bons vinhos e encontrar grandes amigos. Mas atenção: existem algumas regras que devem ser seguidas – e muitas delas são esquecidas até mesmo por quem tem muita experiência em degustações. Então, vamos a um rápido manual do que deve  (e, principalmente, não deve) ser feito durante uma feira de vinhos...



1) Não use perfume. Degustações são divertidas, não deixam de ser uma reunião social, as pessoas se encontram,  etc. e tal. Mas nem por isso você tem o direito de tomar um banho de perfume e ir tomar vinho. Ou alguém ao seu lado vai encontrar na taça notas de Channel Número 5, Hugo Boss, Carolina Herrera...

2) Contenha-se! Você recebe uma taça de cristal, bem bonitinha, entra no saguão... e se depara com mais de 60 estandes e quase mil garrafas de vinho servidas pelos expositores. A vontade é sair bebendo tudo de uma só vez! Calma. Você terá tempo de provar muitas taças boas. E fique tranquilo: ninguém consegue provar TODAS as mil garrafas do evento.

3) Pare um pouquinho, descanse um pouquinho.  E coma algo, tome água. É bom chegar alimentado à feira (não se deve beber com o estômago vazio) e se manter assim até o final. E mantenha o corpo hidratado, com uma tacinha de água de vez em quando. Aliás, a preparação é fundamental: eu gosto de tomar um comprimido contra acidez pela manhã, ainda em jejum. Vinho bom não dá ressaca. Nenhuma. Mas numa feira você prova de tudo. Por isso, deixe um analgésico e um copo de água ao lado de sua cama. Só por prevenção.

4) Escute muito, fale pouco.  Se for uma degustação em sala fechada, contenha-se nos comentários. Tempos atrás, Jorge Lucki sofreu com isso numa degustação em Vitória:  cada comentário seu era complementado ou contestado por um “entendedor”.  É comum algum degustador querer provar sua sabedoria a respeito do assunto e até “derrotar” o palestrante. “Que deselegante!”, diria nossa amiga Sandra Annenberg...

5) Olha o baldinho!  Degustadores profissionais cospem os vinhos. Fazem isso porque acabam provando muitas taças – e se engolissem tudo, acabariam tendo um coma alcoólico. Então, não estranhe os vários baldinhos espalhados pela feira. E se quiser dar uma de entendido, aproveite que não gostou de algum vinho... e cuspa no baldinho! Vai todo mundo achar que está diante de um profissional.



6) Vá embora. Não se engane: as luzes não são apagadas para dar início à parte dançante da festa. Numa hora, os expositores têm de parar de servir os vinhos, ou não sobraria nada  para o dia seguinte. Aliás, se não parassem, também não sobraria nada de você para retornar no segundo dia da feira, e começar tudo de novo...



Paralelamente à feira (que acontece nos dias 20 e 21, no Centro de Convenções de Vitória), a Vitória Expovinhos oferece uma série de palestras de grandes enólogos. É uma bela oportunidade de conhecer melhor ou ampliar seus conhecimentos sobre o universo do vinho. Ao lado, algumas das estrelas da feira.





Felipa Pato

É uma das mais brilhantes profissionais de sua geração. Seus vinhos brancos e espumantes são excepcionalmente bons. Certamente produz alguns dos melhores vinhos da Bairrada. Filipa tem história: é filha de Luis Pato, um dos maiores enólogos de Portugal.

Patrick Valette
Uma combinação perfeita entre Chile e Argentina. Não, não se está falando dos ótimos vinhos produzidos por Patrick Valette (autor do El Príncipe e do Neyen, entre outros), mas de suas origens. Filho de franceses e nascido no Chile, só podia dar em um enólogo fenomenal.


Cecília Torres

Se houvesse algum título de nobreza no mundo do vinho, Cecília seria a rainha do Maipo. No vale chileno, ela produz, há anos, os conceituadíssimos vinhos da Santa Rita. Um ícone, sem dúvida.



Diego Pulenta

A Pulenta vem se destacando nos últimos anos pela produção de vinhos muito bons. Seu Cabernet Franc está entre os melhores desta cepa produzidos na América do Sul. Mas essa qualidade se estende para os outros tintos e brancos feitos pela vinícola argentina.

Toro Loco Tempranillo

Quem está acostumado a viajar para a Europa e tomar vinho por lá, sabe da diferença de preço entre uma garrafa em comparação ao Brasil. Claro, aqui pagamos pelos altos impostos. 

Obviamente que por lá também se encontram rótulos caros. Agora, imagine, num "teste cego" um vinho espanhol de apenas 3,59 libras (aproximadamente R$ 11,50) ser apontado como um dos melhores do mundo. 

Pois foi o que aconteceu com o Toro Loco Tempranillo, produzido na região Utiel-Requena, que superou rótulos 10 vezes mais caros. Ele ganhou a medalha de prata na Competição Internacional de Vinhos e Destilados do Reino Unido.

Mas por enquanto quem quiser degustá-lo terá que trazer da Europa, pois ainda não está à venda no Brasil. Mas a previsão da webstore Wine é colocar o rótulo à venda, com exclusividade, a partir de agosto. Segundo Rogério Salume, presidente da Wine, ele tem um excelente custo-benefício: "O vinho tem qualidade e preço justo".